segunda-feira, 30 de abril de 2012

MC Marcinho - Cortejando a sua "Glamurosa" Dama Rainha do Reino Funk.


Como não falar de amor cortês sem falar de Mc Marcinho? Ele mesmo exalta em sua canção: "(...)Se quiser falar de amor... Fale com o Marcinho". Mc Marcinho é o típico trovador Medieval. As suas letras são sempre cheias de romantismos dedicadas às suas Damas. Nos anos 90 do século XXI havia surgido uma vertente bárbara, ou melhor, vândala do Funk nacional, aonde haviam letras que falavam sobre a violência e exaltavam entre tudo, as invasões bárbaras Le Goffinianas nas comunidades carentes. As épocas mudam, o tempo passa, e esse período de antiguidade ficou enterrado e muitos arqueólogos ainda tentam, e retentam, mesmo após as criações das UPP's no Rio de Janeiro remontar esta vertente bárbara. Os tempos passaram, as letras precisaram se adaptar ao novo tipo de sociedade que ali estava se adaptando, alimentadas pelo capital burguês que aos poucos se empregam dentro dos feudos... ops... das comunidades carentes.

Logo, os pequenos feudos... (ops de novo!) Comunidades,  foram se unificando, e se tornando monarquias capitalizadas. Alguns inclusive na zona sul do Rio de Janeiro, ganharam até loja da Casa & Video e Banco 24 Hrs.
Mc Marcinho surgiu dos movimentos românticos das facções... ops... vertentes do Funk carioca.
Este trovador fez muito sucesso compondo para a Nobreza, inclusive tem uma letra intitulada "Princesa", aonde ele escreve palavras de amor e afeto para uma possível Dama que o trocou por um Príncipe herdeiro de algum trono distante, com mais posses materiais:

"Princesa, por favor volte pra mim

Eu te amo, meu amor
Princesa, por favor volte pra mim".


Letra e análise da sua canção pseudo-trovadoresca "Glamurosa":


Glamurosa

Mc Marcinho

Trecho 1.
"Glamurosa!
Rainha do funk
Poderosa!
Olhar de diamante
Nos envolve, nos fascina
Agita o salão
Balança gostoso
Requebrando até o chão..."
Análise 1.
Neste trecho, ele declara a poderosidade de alguma Dama Rainha do reino chamado "funk". Esta Rainha deve ser de uma beleza espetacular, e educação, que qualquer nobre, ou cavaleiro cortês fica impressionado só com a sua forma peculiar de sentar-se no trono real. É exaltado também o que pode ser o valor em pedras preciosas só os olhos dela, que podem ser tão brilhantes quanto.
Trecho 2.
"Se quiser falar de amor
Fale com o Marcinho
Vou te lambuzar
Te encher de carinho...
Em matéria de amor
Todos me conhecem bem
Vou fazer tu vibrar
No meu estilo vai e vem..."
Análise 2.
Neste verso da canção trovadoresca, ele exalta a sua fama de bom trovador, exaltante do amor cortês, percebe-se a sua cortesia de cavaleiro ao convidar a dama para um galope aonde ela vai vibrar em cima de um cavalo no seu "estilo vai e vem", no que demonstra que ele não é bom condutor de um equino. Mostra que ele é quase um Dom Quixote, que imagina um amor e em seus devaneios e pensa em ser um cavaleiro conquistador.
Trecho 3.
"Minha catita doida
Vou te dar beijo na boca
Beijar teu corpo inteiro
Te deixar muito louca...
Vem! Vem dançar!
Empine o seu popozão
Remexe gostoso
E vai descendo até o chão..."
Análise 3.
O nosso trovador em questão, em sua figuração de poeta Dom Quixoteano, exalta a sua vontade de beijar a Rainha em questão, o que sugere a sua vontade de promiscuí-la, longe dos olhos do Rei. A tentativa é clara em se aproximar intimamente da Dama, a chamando pelo seu apelido íntimo no qual o Rei deve a chamar atrás das paredes do quarto real. Ele a convida para uma dança ao som de uma Harpa ou de um órgão, e incita-a a cair só para que ele possa ver as "intimidades" dela.
Trecho 4.
"Pretinha, moreninha
Russa e loirinha
Me deixa doidinho
Quando dança a tremidinha...
O funk do meu Rio
Se espalhou pelo Brasil
Até quem não gostava
Quando ouviu não resistiu...
Mulheres saradas
Lindas, deslumbrantes
Corpo de sereia
Olhar bem excitante..."
Análise 4.
Neste trecho ele reafirma a sua experiência como trovador e cavaleiro cortês. Já cortejou Damas de diferentes Reinos, de diferentes etnias. Mostra também o desgosto do possível Rei que não gostou dessa música que ele fez em nome da Rainha deste Reino Chamado Funk. E nota que houve uma briga entre Cavaleiros, pois quando ele "ouviu não desistiu", o que sugere uma possível briga em algum torneio. Aonde o Rei, que era deste reino claro deve ter perdido. Pode ter sido uma disputa com espadas, aonde a Dama era a honra a ser conquistada.
Trecho 5.
"Se tu não curte o funk
Pode crer tá de bobeira
Bote uma beca esperta
E se junte à massa funkeira..."
Análise 5.
O Trovador Marcinho demonstra a sua experiência com o seu estilo cultural, e a sua soberania já que conquistou a Rainha depois de uma luta, em que esta mulher era a sua prenda. Ele convoca numa tática cristã, como nobre cavaleiro, outros cavaleiros em favor da perseverança de seu estilo cortês de ser, e de seu Reino Funk. É quase um chamado para uma Cruzada a favor do Reino.


"Glamurosa - Rainha do Funk" - MC Marcinho

**Nota: Rei Marcinho aderiu o seu reino ao Protestantismo.

Mr. Catra - O Cavaleiro cortês tupiniquim do séc. XXI.


Mr. Catra é uma grande figura representante do funk nacional. Este nobre cavaleiro cortês tupiniquim do século XXI, conquista o amor de suas mulheres através das suas letras e da sua inteligência literária. Podemos elevar este cavaleiro a categoria de nobre, uma vez que, foi a partir de suas conquistas territoriais, ou melhor, das conquistas territoriais nas comunidades do Rio de Janeiro (falo do funk, ok?), que ele perseverou a exaltação da mulher nas suas formas amorosas. O funkeiro em questão exalta também a promiscuidade em sua letra. Logo sabemos que em sua condição de cavaleiro medieval, ele logo seria taxado como "infiel" ao conceito da Igreja Católica.

Mas sabemos do conceito conservador patriarquista, aonde o homem é sempre o dominante e a mulher a dominada. Enquanto nós encontramos o homem se aproveitando das prostitutas como diversão nas tabernas da idade média, nós encontramos na atualidade, o homem funkeiro se divertindo com a atuação sexual das periguetes do baile funk.
Mister Catra também seria perseguido pela Igreja Católica durante a Inquisição, ele pode ser comparado a Martinho Lutero, pois ele fez faculdade de Direito, e isso foi a chave principal para que ele abrisse as portas do conhecimento Bíblico e usufruísse disto, e assim criou o seu movimento protestante (seita) denominado por ele como Bu-Seita.
Este homem em questão se figura em uma transição artística e religiosa, desde o trovador até o protestante.

Abaixo faremos uma análise de uma letra trovadoresca da atualidade, da autoria de CATRA, Mister.


Uh Papai Chegou (Medley)

Mr Catra

Trecho 1.
"(...)Uh papai chegou . uh uh papai chegou .
Uh papai chegou . uh uh papai chegou .
Uh papai chegou . uh uh papai chegou .
Humildade, disciplina sem neurose e sem caô
A festa vai começar agora o papai chegou."
Análise 1.
Neste primeiro trecho, CATRA, Míster. exalta a superioridade masculina sobre a a família. O Nobre homem ou cavaleiro que é dono tas terras ou obtém o título de senhor feudal. É o chefe da família que volta da da sua jornada na caça ou da observação do trabalho no campo.
Trecho 2.
Uh papai chegou . uh uh papai chegou .
Uh papai chegou . uh uh papai chegou .
É ..... no estilo da baixada santista, é nessa pegada.
Se liga, imagina nós de Megani ou de Citroën.
Invadindo o baile não vai ter pra ninguém se o dj manda
Na cai, e no finalzinho la vai nota de cem, valeu neném
Imagina nós de Megani ou de Citroën invadindo o baile
Não vai ter pra ninguém, se o dj manda na cai, e no final
La vai nota de sem, valeu neném, valeu neném.
Análise 2.
Uma perspectiva do nobre sobre o trabalho e as conquistas materiais. Seria mais ideal elevarmos a categoria da Idade Moderna, aonde o nobre ou burguês tem em seu acúmulo de capital a sua força financeira.

Trecho 3.
"(...)Porque ela joga o cabelo .... mas vai descendo até o chão
Então vem se empinando toda, esse é o ritmo dos irmãos .
Ela dá pra nóis que nois é patrão, ela dá pra nóis que nois é patrão,
Ela dá pra nóis que nois é patrão, olha o ritmo, assim meninas
Ela dá pra nóis que nois é patrão, ela dá pra nóis que nois é patrão,
Ela dá pra nóis que nois é patrão. ela quer bolsa da Armani , bolsa da Louis Viton
Ela dá pra nóis que nois é patrão, ela dá pra nóis que nois é patrão,
Ela dá pra nóis que nois é patrão, oi , ela dá pra nóis que nois é patrão,
Ela dá pra nóis que nois é patrão, ela dá pra nóis que nois é patrão."
Análise 3.
Mais uma vez a exaltação da força patriarquista sobre as formas sociais. Temos o homem acima da categoria de mulher. Todos os presentes que um nobre cavalheiro cortês leva a sua dama pela conquista de seu amor. Presentes valiosos em troca de uma noite de amor. É como se Ginevra cedesse ao seu Lancelot, no cenário de sua varanda por uma flor de Lancelot. Lancelot escala a varanda, entra em seu quarto e ambos fazem aproveito do romance e da exaltação do amor.
Trecho 4.
"(...)Ela gosta de funk, ela é de balada curti a night ela é de beber,
Dá um rolé junto com as amigas só volta pra casa ao amanhecer
Curti a vida tão intensamente não vejo maldade é só curtição
Quando a gente ama não vemos defeito, ela é a dona do meu cora...
Porra nenhuma eu quero é putaria !"
Análise 4.
O nobre aí exalta a sua opinião sobre a taberna, aonde ele se diverte com as meninas taberneiras. As promessas de amor não cumpridas em troca apenas do sexo.

Trecho 5.
"(...)Atenção meninas, atenção meninas!
Vamos sentando tá, vamos sentando tá.
Não calma, antes de sentar, rapaziada pra começar a farra a onda do momento é
Sarra, sarra, sarra. sarra, sarra, sarra . sarra, sarra, sarra, oi, sarra, sarra, sarra
Sarra, sarra, sarra . sarra, sarra, sarra . é desse jeito
Sarra, sarra, sarra, sarra, sarra, sarra, sarra, sarra, sarra, sarra, sarra, sarra,
Sarra, sarra, sarra ,sarra, sarra, sarra , vamos meninaas.
Agora já que esquentou vamos.
Senta, senta, senta, sentaa, sentaa senta, senta, senta, sentaa, sentaasenta, senta, senta, sentaa, sentaa vaai gostosa, senta, senta, senta, sentaa, sentaasenta, senta, senta, sentaa, senta, senta,que delícia"
Análise 5.
Descrição da taberna, e da sexualidade explorada sem pudor.
Trecho 6.
"(...)A pretinha ta que ta, oi, ela ta que tá, oi, ela ta que tá, ta doidinha pra an..
Doidinha pra ui, doidinha pra hum ..
Moreninhaaaa ? vai ! tá que tá, que ta que ta, que ta que ta que ta .. doidinha pra hum, doidinha pra ui, dodinha pra an .
E ai loirinhaa ? toda rosadinhaa .. ta que ta que ta que ta ela tá. ela tá doidinha pra an, doidinha pra ui, doidinha pra hum."
Análise 6.
Idem ao 5.
Trecho 7.
"(...)Mas eu não dou idéia torta, eu só dou idéia reta, se tudo der certo hoje vai dá merda
Diz, de uma forma linda e bela pras gatinhas do asfalto , pras gatinhas da
Favela eu mando palavras humildes, falando palavras sinceras, o bagulho é asim ó"
Análise 7.
Mais uma expressão sobre o patriarquismo. O homem sempre superior a Mulher. Dentro da Sociedade o homem ensina aos filhos do mesmo sexo sobre as atitudes do cotidiano. A vinda do homem do seu trabalho pela estrada aonde encontram-se lindas camponesas.
Trecho 8.
"Passa nela, passa nela , passa o pau na cara dela
Passa nela, passa nela, passa na cara dela, na cara, na cara
Na cara, na cara dela .
Passa nela, passa nela, passa na cara dela,
Passa nela, passa nela , passa na cara dela , passa na cara, na cara , na cara,
Na cara dela"
Análise 8.
Forças de expressão do patriarca sobre a mulher na idade média. A mulher promíscua era mal vista pela sociedade e pelo próprio homem, em respeito a sua religiosidade. Algumas sofriam torturas e castigos, e também eram perseguidas pela igreja católica. Judeus, Homossexuais, prostitutas e Leprosos, de acordo com Jeffrey Richards em sua obra "Sexo, Desvio e Danação - As Minorias da Idade Média", eram retratados apenas como um grupo só, o dos infiéis. Vemos neste trecho uma profunda desvalorização pela mulher promíscua. Algumas quando eram descobertas eram perseguidas pelas sociedades e famílias e também apanhavam de pau.
Trecho 9.
"(...)Isso vai para a pretinha, pra loirinha e pra morena, se você quiser caô
Eu to querendo problema faz por merecer, que eu faço valer a pena,
Faz por merecer, que eu faço valer a pena,faz por merecer, que eu faço valer a pena,
Eu faço valer a pena, eu faço valer a pena
Minha cama é king-box ela não é muito pequena o bagulho é louco mais a brincadeira
Vai ser serena, faz por merecer, que eu faço valer a pena, faz por merecer,
Que eu faço valer a pena, faz por merecer, que eu faço valer a pena."
Análise 9.
Exaltação das trocas materiais e sentimentais. A mulher de família e religiosa é a única que merece a parte da divisão de sua cama em suas instalações medievais. É uma crítica a mulher promíscua que não merece o seu lugar ao lado do homem na cama por não ser digna de seu amor cortês, pela sua própria relação com outros homens.
Trecho 10.
"Oi gatinha vem, vem, vem, vem,vem, senta na piCa que faz neném, senta na pica que
Faz neném , gatinha vem, vem, vem, vem, vem, senta . as minas aqui de santos,
Inventaram a nova moda: se quer rastrear, bota um chip na minha xota .
Eu vou te dizer não faz isso não, a xota é com carinho e é com consideração
Eu vou falar legal nada de chip na xota , na xota é só carinho, na xota é só beijoca,
Eu vou te dizer, eu vou falar pra tu, senta, senta, senta, senta , senta , senta, senta
Uh uh.
Senta, senta, senta, senta , senta , senta, senta, senta, senta uh uh .
Senta, senta, senta, senta , senta , senta, senta
Ela senta, ela senta, ai ai , ela senta ela senta
Ela, senta, ela senta, ela senta, ela, senta, ela senta, ela senta, uh uh .
Ela senta, ela senta uh uh
Quando ela desce entra, quando ela sobe sai,
Quando ela desce entra, quando ela sobe sai, assim que vai, assim que vai
Senta na pica do papai , assim que vai, assim que vai, oi oi ,
Quando ela desce entra, quando ela sobe sai , quando ela desce entra, quando
Ela sobe sai , ui, ai, machuca a piroca do pai . ai ai machuca
Análise 10.
Vemos a exaltação pura e carnal do homem cortês sobre a sua amada nas formas sexuais. De acordo com André Capelão, na obra "O tratado do Amor Cortês",  o amor acontece entre um homem e uma mulher. Ou melhor: "O amor só pode existir entre duas pessoas do sexo oposto. Não pode surgir entre dois homens ou duas mulheres" - Valor moral pregado pela Cristandade - "duas pessoas do mesmo sexo não são absolutamente feitas para propiciarem mutuamente os prazeres do amor ou para realizar os atos naturais que lhe são próprios. E o amor envergonha-se de aceitar o que a natureza veda." CAPELÃO, André P. 09. - Tradução de Ivone Castilho, 2009, ed. Martins Fontes.
Trecho 11.
Agora rapaziada vou fala da nova religião, religião não, religião não
Nova seita, eu como Bispo Catra, da nova seita eu montei uma seita,
Chamada: buseita o você aceita ou você não aceita
O 1º mandamento da nossa seita irmãos é o seguinte
Ela tem que ta cheirosinha, ela tem que ta limpinha, ela tem que ta aparadinha,
Saudável e na moral, toda buceta é igual perante ao meu pau . uuh aceita ,
Uuh aceita ,. isso ae, 2º mandamento
Nunca faça o mal, nunca faça o mal sempre faça o bem uma mamada e um
Copo d'água não se nega a ninguém uuuh aceita. uuuh aceiita
É isso aee rapaziada então que deus abençoe vocês, e mantenha todos nós
De pau duro , pra gente deixa essas minas gozando bastante , é por favor é
E outra coisa em, nunca , comam nada sem provar . entendeu ?
Nunca comam nada sem provar, entendeu ou não entendeu ? entendeu ou
Não entendeu ? provando chegou perto vai sentir, se ta bom, ta bom, se ta ruim da
Aquele papo, ai que dor de cabeça . e o negão ligou, é o bagulho é assim o
Bagulho ta doido o patrão ta chamando cuidado, buceta é bom, e a gente gosta
Valeu rapaziada!
Análise 11.
Vemos o homem renascentista, se desligando da moral de ligação do Catolicismo com a Nobreza. O homem então decide a partir da publicação da Bíblia (ou da leitura dela), procurar as saídas para fugir do pensamento religioso católico, tanto nas questões politicas, financeiras e religiosas, readaptando a moral social transcendendo do Medieval ou depois Feudalista para o Moderno. Temos a criação de uma religião contrária as realidades católicas (ou não?), o que gera uma resposta ávida dos conservadores católicos em questões de não aceitar a nova religião em ideal da formação da moral e dos bons costumes da sociedade.


Música: "Uh Uh Papai Chegou" medley: